Apesar da escravidão ter sido abolida oficialmente no Brasil em 1888, na dimensão astral do nosso país ainda existem muitas fazendas com senzalas cheias de escravos ainda sob o jugo de seus antigos senhores. Existem atualmente nos terreiros muitos pais-de-santo que foram senhores de escravos e que ainda mantém suas fazendas no astral de onde tiram os espíritos dos negros para usar em algum trabalho de magia e para servirem como entidades em seus terreiros.
Atendemos uma pessoa que estava sendo obsidiada, alguma taróloga já o havia alertado sobre um espírito obsessor, e ele queria se livrar desse espírito. Dentre o sintomas ela relatou estar com confusão mental, sonolência durante o dia, falta de vontade de realizar as tarefas de casa e pensamentos repetitivos associados com sentimentos negativos como raiva, culpa e vergonha.
Essa pessoa também se consultou num núcleo de apometria que atende gratuitamente, mas não resolveram o problema. E ele também havia feito vários trabalhos num terreiro que incluíam encerramento de ciclos, abertura de caminhos, quebra de demandas e fechamento de corpo, mesmo assim sentiu ataques energéticos do tal obsessor após fazer esses trabalhos todos.
Inicialmente observamos sim que havia um obsessor, um primo da pessoa de uma vida passada que se sentiu lesada por ela e agora quer que ela se dê mal na vida, a pessoa tem um parente encarnado que tem inveja dela e alimentava o obsessor. Uma situação muito simples, mas que não conseguiram resolver no tal núcleo de apometria nem com o fechamento de corpo no terreiro.
Vimos também que havia um trabalho de magia feito para essa pessoa, mas para ela encontrar um rumo na vida, era para o bem da pessoa, embora ela não soubesse. Olha que interessante, o espírito desse trabalho para a pessoa tomar um rumo na vida pediu permissão para os espíritos que estavam fechando o corpo da pessoa para conversar com ela e os tais espíritos permitiram, então ele se aproximou durante o sono da pessoa e conversou com ela. Parece que só outro espírito de terreiro para respeitar o tal fechamento de corpo pois o obsessor estava atacando a pessoa e não fizeram nada.
Mas enfim, encaminhamos o obsessor e o espírito do trabalho para a pessoa achar um rumo na vida, o espirito era até bem despachado, foi um negro liberto que se tornou advogado e lutou pela abolição da escravatura. Acontece que vimos também que junto dessa pessoa havia cinco espíritos de terreiro vinculados aos cinco trabalhos de magia que ele fez no terreiro, que segundo disseram a ele seriam as entidades Obaluae, Omulu, Ogum e Zé Pilintra. O Obaluae teria trabalhado em dois trabalhos, então segundo o terreiro seriam quatro entidades, mas na prática eram cinco espíritos com a pessoa.
E aqui nos deparamos com uma situação muito comum e que revela o despreparo de muitos que se intitulam pais e mães-de-santo. Os cinco espíritos que estavam com a pessoa eram obsessores dela, eles que induziram a pessoa a ir ao terreiro para que fizesse trabalhos de magia e eles se conectassem mais fortemente com ela. Ao invés de ajudar a pessoa com as coisas que ela buscava com os trabalhos de magia iriam destruir a vida dela para se vingar.
Os cinco espíritos foram escravos dessa pessoa numa vida passada, que explorava a mão-de-obra dos escravos e nem sequer lhes alimentava direito. A pessoa morava numa cidade e tinha esse espíritos para trabalhar para ela fazendo pequenos serviços para terceiros ou vendendo produtos na rua. Os cinco foram obliviados e encaminhados para reencarnação.
Mas a coisa não para por ai, vimos que o pai-de-santo que fez os trabalhos foi sinhozinho numa vida passada e o pai dele, o sinhô, ainda estava no astral tocando a fazenda com cerca de 550 negros escravizados, que o sinhozinho filho dele usava para os trabalhos do terreiro. O velho sinhô foi obliviado e os escravos libertados, no terreiro ainda resgatamos mais uns 70 espíritos. Esse não foi o primeiro terreiro que trabalha com espíritos escravizados com o qual nos deparamos e existem muitos outros. Seria interessante que os médiuns de terreiros se questionassem sobre as origens verdadeiras das entidades com as quais trabalham e não acreditar nessas estórias inventadas, talvez assim evoluíssem mais.
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