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Karma

Atualizado: 23 de abr.

(Publicado originalmente no blog Apometria Universalista em 20/2/2015)


Karma é um termo do idioma sânscrito, da Índia, e significa ação. Num sentindo mais amplo o karma é uma lei espiritual que diz que toda ação gera uma reação que retorna a quem cometeu o ato, ou seja, tudo o que você fizer, de bom ou ruim, vai voltar para você. Tudo é energia e toda energia que geramos ou movimentamos, tudo que sai de nós, vai percorrer um espaço/tempo e vai voltar para nós. Não importa qual a sua religião, se você acredita ou não, todos estamos sujeitos à Lei do Karma, também conhecida como Lei do Retorno.


O karma pode ser dividido em quatro categorias: passado, presente, imediato e futuro.

  • karma passado (sanchita) - correspondente ao karma acumulado em nossas vidas passadas e ainda não processado, isto é, ainda não está sendo resgatado.

  • karma presente (prarabdha) - correspondente ao karma que está sendo processado, ou seja, gerado em vidas passadas e que estamos resgatando atualmente nesta encarnação.

  • karma imediato (kryiamana) - correspondente ao karma gerado e processado na vida atual, é aquele onde o intervalo de tempo entre a causa e o efeito se dá na mesma encarnação, ou seja é gerado e resgatado numa mesma vida.

  • karma futuro (agama) - correspondente ao karma gerado na vida atual mas que vai ser resgatado numa vida futura.

O karma passado acumulado (sanchita) é processado lentamente e pode ser modificado, porque as ações que adotamos no presente também vão sendo acumuladas no reservatório kármico, neutralizando ou agravando os efeitos das causas ali armazenadas.

O karma presente (prarabdha) é aquele destacado do reservatório (sanchita) para ser eliminado ou resgatado, sendo que para a grande maioria das pessoas aqui na Terra ele é gerado automaticamente pela Lei do Karma, ou seja, a pessoa não tem nenhuma ingerência sobre onde vai nascer, quem vão ser seus pais, com que espíritos ela vai conviver, etc. O karma presente (prarabdha) por sua vez se subdivide em 3 tipos:

  • Uma maior parte fixa e inevitável, que não pode ser alterada.

  • Uma parte que pode ser mudada e evitada, embora exija um grande esforço de vontade ou uma grande expansão de consciência.

  • E uma pequena parte variável, que pode ser alterada dependendo de outras ações adicionadas ao karma acumulado e de interações com o karma coletivo. Este depende do karma familiar, nacional, etc., e da relação entre estes e o nosso karma individual.

O karma imediato (kryiamana) é o toma-lá-da-cá, o sujeito deu um empurrão em outro e levou um soco de volta, roubou e foi preso, chutou uma pedra e quebrou o dedo do pé, etc.

O karma futuro (agama) é aquele que estamos gerando hoje e que vamos resgatar em outras vidas. É sobre este que temos maior controle pois nas poucas coisas sobre as quais exercemos realmente nosso livre-arbítrio podemos gerar um karma positivo que vai contrabalançar o karma negativo acumulado em vidas passadas (sanchita). Se agirmos bem na vida atual podemos ter uma vida melhor na próxima encarnação.

A Lei do Karma não tem uma função punitiva como pode parecer a princípio mas sim visa o equilíbrio, visa harmonizar as energias que existem no universo, onde a cada ação corresponde uma reação igual e contrária.


Mas onde fica acumulada toda essa energia que chamamos de karma?

O reservatório kármico está constantemente ligado a nós, a grosso modo é como se fosse uma mala que carregamos o tempo todo. Esse reservatório contém níveis de profundidade onde se localizam os karmas que temos que resgatar, isto é, as energias que carregamos. As energias mais densas, fruto de más ações, ficam mais no fundo, enquanto que as mais leves, frutos de pequenas infrações à Lei do Karma, ficam mais na superfície e são resgatadas mais rapidamente. Existem outros fatores mais complexos a considerar mas basicamente é assim que funciona.

As energias densas acabam demorando mais tempo, mais encarnações para amadurecerem e serem resgatadas. Isso é um benefício para nós pois se fizermos boas ações elas também vão para o reservatório kármico como energias positivas e amenizam as energias negativas que estão lá. Por conta disso, quando resgatamos algo de muito ruim que fizemos no passado geralmente o que retorna para nós é apenas uma parte do que efetivamente fizemos a outras pessoas. Além disso existe um limite energético e fisiológico de energias com as quais podemos lidar numa encarnação então não é possível resgatarmos todo o karma negativo de uma vez só e acabamos recebendo de volta um pouco em cada vida até eliminá-lo totalmente.

Como sempre cometemos mais erros e geramos mais karma negativo entramos num círculo vicioso e vamos precisar de mais encarnações em corpos densos para resgatar todo o karma negativo. Isso vai nos manter mais tempo em mundos primitivos e pouco evoluídos como a Terra.


Mas quem define qual karma vai ser retirado do reservatório sanchita e transformado em prarabdha, ou seja, quem decide qual karma vamos resgatar em uma encarnação?

A resposta é complexa pois depende de vários fatores, como o nível do reservatório kármico, o grau evolutivo do espírito, o karma do grupo familiar onde ele está inserido etc. O grupo familiar não é necessariamente a família consanguínea, mas um grupo de espíritos que estão ligados por fortes laços kármico-emocionais e que vem reencarnando juntos em várias existências onde se encontram e interagem entre si, não somente como familiares tipo pais/filhos, irmãos, tios, marido/mulher, etc., mas como amigos ou companheiros de negócios ou prazeres.

Um exemplo: um homem que estupra e assassina crianças vai gerar o karma de sofrer a mesma coisa em uma vida futura, ser estuprado e assassinado quando criança. Quando cometeu estes atos ele já criou esse karma que vai ficar armazenado no reservatório até ser processado, ou seja, até chegar o momento favorável dele ser resgatado. Quando ele morrer provavelmente vai ser obsidiado pelos espíritos de suas vítimas e de pais e parentes delas e devido ao seu desvio de caráter sexual e moral, vai ser atraído para algum local aqui da crosta terrena afim com sua própria energia, que é de desvio sexual e assassinato. Pode ser filho de algum bandido ou outro tipo de pessoa violenta. Então esse sujeito provavelmente vai ser abusado pelo pai ou algum outro homem que frequente sua casa desde tenra idade, talvez ainda bebê, pode ainda nascer numa família tão vil que seja vendido para algum prostíbulo quando criança ou pode ser um menino de rua que vai sofrer todo tipo de privação e sofrimento, que vai envolver abuso sexual e provavelmente vai morrer de forma violenta, sendo estuprado talvez.

Mas o caso é que essa energia distorcida sexual e de morte violenta ele carrega consigo desde o nascimento. É como se ele fosse um rádio ou tv que ficasse constantemente transmitindo sons e/ou imagens de crimes sexuais e assassinatos. Se ele está inserido num meio onde essa energia é muito forte, alguma pessoa que conviva com ele vai captar esses sons/imagens e se for uma pessoa depravada como ele vai sentir um forte impulso de fazer essas coisas com ele. É por conta disso que vemos às vezes casos de bebês que são violentados e mortos pelos próprios pais. Nesses casos a energia emanada pelo bebê, de depravação sexual e morte, é tão grande que a pessoa que a captou não consegue resistir. Até mesmo porque muitas vezes quem comete o ato foi vítima daquele espírito em vida passada.

Todos nós somos transmissores/receptores e estamos continuamente transmitindo nosso karma presente (prarabdha)) para quem quiser ou conseguir captar. Do mesmo modo estamos constantemente captando o karma das pessoas com quem nos relacionamos e reagindo a ele. Algumas vezes captamos o karma negativo de uma pessoa e reagimos instintivamente, como se estivéssemos funcionando em modo automático, revidando de forma negativa, outras vezes mesmo captando uma energia ruim de outra pessoa que nos provoca, conseguimos perdoar ela e não reagimos negativamente.

Já atendemos muitos casos de mulheres que reclamam que sempre acabam se envolvendo com homens ruins de um mesmo tipo, ou homens que bebem (alcoólatras), ou homens violentos que as agridem, etc. Por que isso acontece? Porque elas atraem esses tipos de homens. Se a mulher está resgatando um karma que envolve alcoolismo por exemplo, ela está constantemente emitindo imagens de pessoas bebendo e vai atrair homens que bebem porque eles vão captar essa emanação dela. Esse karma vai se repetir até que ele seja resgatado.

O karma gerado numa vida não é necessariamente resgatado na vida seguinte, pois o karma vai para o reservatório kármico onde vai se aglutinar com outros carmas semelhantes e pode ocorrer que demore várias vidas para que ele seja resgatado. Dependendo da força do espírito pode levar séculos ou até milênios para ser resgatado.

E como se resgata um karma?

O karma é uma ação que cometemos. É uma energia que emanamos e que no caso do karma presente está voltando para nós para que seja eliminado. Para eliminar uma energia você tem que absorvê-la. Ela saiu de você e só vai fechar o ciclo quando ela voltar para você. O segredo para não sofrer é a maneira de receber essa energia ruim que retorna. Nós somos um sistema energético dinâmico, nossas energias estão em constante movimento e alterações diversas, às vezes estamos alegres, às vezes tristes, ou com raiva, ou tranquilos, enfim, nossa frequência emocional varia numa determinada faixa para cima ou para baixo. Se ao recebermos de volta uma energia negativa, isto é, se temos que resgatar um karma negativo e estamos com nossa frequência baixa, nós potencializamos essa energia ruim que estamos recebendo. Por outro lado, se estivermos com nossa energia boa, positiva, ela vai amenizar a energia negativa que está retornando.

A questão chave para resgatar um karma é esgotá-lo. Se você conseguir receber de volta uma energia ruim sem reclamar, sem se achar injustiçado, sem desejar que o outro sofra ou "que Deus faça justiça", aí sim você resgatou esse karma. Mas isso é muito difícil de acontecer. Quando é alguma coisa banal com alguém não muito próximo é até fácil perdoar e eliminar esse karma, mas quando é alguém com quem temos forte ligação emocional, como esposa/marido, irmão/irmã, amigos e parentes mais próximos, aí é complicado.

Ou então quando estamos resgatando aquelas energias mais densas que estavam acumuladas em nosso reservatório kármico e que às vezes emperram nossa vida. Já peguei vários casos de pessoas que não conseguem adquirir bens ou quando conseguem é com muita dificuldade a ainda assim acabam perdendo. E as vezes são pessoas boas atualmente e que até se esforçam, mas que em vidas passadas foram banqueiros ou empresários que deram desfalques em seus clientes ou que eram vigaristas e lesaram muitas pessoas. Esses casos são difíceis de aceitar e a pessoa muitas vezes acaba repetindo atitudes ruins de outras vidas, o que mantém o ciclo kármico ativo.

Além disso, precisamos considerar que todos nós estamos interligados uns aos outros. Temos um fio que nos une a cada ser que já se relacionou de alguma forma conosco, nem que tenha sido por um segundo apenas, esteja este ser vivendo em um corpo físico ou astral. Disso resulta que trocamos energias com todos estes seres e também com aqueles que 'vibram' na mesma frequência que nós, com todos que têm pensamentos e sentimentos semelhantes no mundo todo, em todas as suas dimensões.

É preciso considerar que toda energia que emitimos percorre um caminho até voltar a nós e sempre vai voltar mais energia do que emitimos pois nesse caminho ela interage com outras energias. As boas ações geram energias positivas de alta frequência com um alcance muito grande enquanto que as más ações geram energias de baixa frequências, densas e pesadas. Por isso o alcance de uma boa ação é muito superior ao de uma má ação. Agindo bem, fazendo boas ações, podemos reduzir consideravelmente nosso saldo kármico negativo.

Na prática somos todos agentes kármicos uns dos outros. Quem está mais evoluído espiritualmente consegue não reagir ao karma negativo do outro e assim não serve de instrumento kármico de coisas ruins, deixando de gerar para si mais karma negativo. Agindo assim nós não aumentamos nosso reservatório kármico com energias negativas e cada coisa boa que fizermos vai diminuindo nossa energia kármica negativa e assim vamos nos tornando pessoas melhores.

O que define se uma ação nossa é boa ou má karmicamente depende principalmente da intenção com que a praticamos. Se dois amigos estão mexendo em um arma e ela dispara acidentalmente, matando um deles, o que disparou a arma não gerou um karma de assassinato e sim de negligência ou imperícia. O outro morreu assim porque tinha um karma de morrer com arma de fogo que foi processado quando mexiam na arma, as energias que acompanham e emanam a arma acionaram o karma. Agora se o que disparou "acidentalmente" no fundo quisesse matar o outro por algum motivo, talvez por conta de alguma mulher ou dinheiro, aí mesmo que aqui no físico fosse julgado inocente por ter sido o disparo "acidental", karmicamente ele contraiu um karma de assassinato.

O desejo de se fazer alguma coisa, a intenção, qualifica então o ato karmicamente. No exemplo anterior um dos homens foi instrumento para que se realizasse o karma do outro, mas se foi acidental ele não tinha intenção de matar e não associou emoção ao ato. Nesse caso ele não vai emitir uma energia do tipo morte por arma de fogo, mas sim de imprudência, negligência, etc.


Mas e o livre-arbítrio? Então eu não posso mudar meu destino?

O livre-arbítrio é uma conquista do espírito e é proporcional ao seu grau evolutivo. À medida que formos evoluindo, e isso não é algo que se consiga nesta mesma vida ou dessa para uma próxima, teremos condições de escolher que tipo de karma iremos resgatar em determinada vida e iremos tendo cada vez mais 'controle' sobre nossas encarnações. Atualmente entretanto, somos levados pelo nosso primitivismo espiritual e não temos como evitar a maior parte dos acontecimentos de nossa vida.

Quando agimos caritativamente em prol de nossos irmãos, fazendo boas ações, estamos acumulando karma positivo em nosso reservatório (sanchita) e reduzindo nosso saldo devedor na balança cósmica, propiciando inclusive a alteração da parte do nosso karma atual (prarabdha) que pode ser modificada pela interação com o karma coletivo. Como eu disse antes o karma presente (prarabdha) tem uma parte fixa e inevitável que não pode ser alterada, mas tem outras partes que podem ser alteradas com muito esforço da pessoa e outra ainda que depende do karma coletivo. Essa parte fixa não tem a mesma proporção em todas as pessoas. Quanto mais evoluído espiritualmente menor vai ser essa parte do karma que não pode ser alterada e mais domínio sobre nossas vidas nós teremos. Quanto menos evoluído menos controle sobre o próprio destino (o karma presente). Então o nosso destino pode sim ser alterado por nossas ações; mais ou menos, dependendo do grau evolutivo de cada espírito.

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