(Publicado originalmente no blog Apometria Universalista em 14/2/2015)
Um dos karmas negativos mais comuns é a mediunidade. Sim, a mediunidade não é um dom de pessoas mais espiritualizadas que as outras e sim um karma negativo oriundo de más ações efetuadas em vidas passadas. A mediunidade pode ser ostensiva, quando é possível de ser percebida por manifestações várias como incorporação, vidência, audiência, etc., ou seja, a pessoa vê vultos ou ouve barulhos, que ninguém mais vê ou ouve, com frequência e certa regularidade. Mas a mediunidade também pode ser dissimulada, quando esses eventos ocorrem raramente ou ocasionalmente, sem regularidade ou frequência.
Quem não possui a mediunidade ostensiva possui a dissimulada pois todos nós, em maior ou menor grau, conseguimos nos comunicar ou sentir os espíritos ao nosso redor, mas chamamos de médiuns as pessoas que possuem uma mediunidade ostensiva.
Mas o tipo de mediunidade com que mais nos deparamos em nossas consultas é a mediunidade sensitiva negativa. A mediunidade sensitiva negativa é um tipo de mediunidade dissimulada onde a pessoa não vê espíritos, não ouve, não incorpora, mas sente os efeitos da presença dos espíritos em seu corpo físico, através de dores ou doenças provocadas pela energia dos espíritos que dela se aproximam ou que a acompanham.
A princípio quem tem sensibilidade mediúnica pode sentir tanto a presença de espíritos bons quanto de ruins. No caso de um médium, teoricamente, ele pode perceber se um espírito que se aproxima dele é bom ou ruim pela energia que emana desse espírito e que ele capta. Na prática, entretanto observamos que a grande maioria dos médiuns não tem a capacidade de perceber a índole do espírito.
Os médiuns costumam perceber com facilidade a energia do espírito quando ele é emocionalmente descontrolado, como m espírito que chega com muita raiva ou ódio, ou ainda um que está em grande sofrimento ou energeticamente esgotado. Mas se o espírito tem algum controle sobre si e consegue se apresentar ao médium com a aparência que quiser, observamos que os médiuns são facilmente enganados por espíritos ruins, das trevas, que se apresentam como mentores ou guias, com a aparência que mais agrada ao íntimo do médium.
Esses espíritos enganadores ou mistificadores se apresentam então como se fossem padres, médicos, caboclos, pretos-velhos, mestres ascensionados, extra-terrestres, etc., dependendo do local onde o médium frequenta ou o tipo de crença íntima que ele tem. A maioria dos médiuns é presa fácil da vaidade porque além da mediunidade ostensiva que possuem, querem "ostentar" uma entidade de luz como seu mentor ou guia.
Já nos deparamos com inúmeros casos em que o espírito que se apresentava como mentor ou guia do médium era na verdade um obsessor, um inimigo dele que queria destruir ou prejudicar o médium. E o pior é que nos centros ou terreiros onde esses médiuns trabalham o dirigente ou chefe de terreiro não consegue também identificar que essas entidades são embusteiras.
Além disso, pelo próprio fato de a mediunidade ser um efeito de karma negativo, o tipo de entidade que vai se atraído pelo médium são espíritos de baixa vibração, compatíveis com sua própria energia. O mesmo se dá com quem não é médium, mas possui mediunidade dissimulada, que é a pessoa com sensibilidade mediúnica. O que essa pessoa vai sentir é a presença de espíritos pouco evoluídos ou com evolução compatível com a sua própria, geralmente espíritos com os quais possui uma relação cármica negativa, obsessores ou antigos comparsas de crimes.
Uma das queixas dos médiuns que precisam "desenvolver" a mediunidade é que não encontram um local onde possam se desenvolver. Ou não tem um centro perto da casa, ou o que tem não é bom, ou não tem tempo por causa do trabalho, ou dos estudos, ou da família, ou o marido/esposa é contra porque não acredita nisso, etc. O que eu digo nestes casos é que encontrar um lugar onde se desenvolver faz parte do karma do médium.
Mas o que vem a ser o desenvolvimento da mediunidade? Como o médium se desenvolve? Na prática é o seguinte: o médium tem que aprender como funciona o processo mediúnico, ou seja, como ocorrem as relações dele com o mundo astral e qual o reflexo disso na vida dele, fisica e psicologicamente. Entendendo o processo e como ele interfere em sua vida o médium pode obter algum controle sobre o fenômeno e assim eliminar ou minimizar os efeitos desagradáveis.
Vou citar alguns exemplos: já atendemos várias pessoas que tentaram o suicídio porque tinham mediunidade e não sabiam ou não acreditavam ou era contra sua religião, enfim, o que acontecia era que um ou mais espíritos desafetos dessas pessoas falavam em seu ouvido literalmente que ela devia se matar, que a vida não valia a pena, que ninguém sentiria a falta dela ou que ela não merecia viver, enfim, coisas que levavam a pessoa à beira da loucura ou depressão profunda, até culminar na tentativa de suicídio. E já atendemos vários casos também onde a pessoa não ficou apenas na tentativa, ela conseguiu se matar, por conta das vozes que ouvia. Como as pessoas não sabiam que tinham mediunidade, as coisas que os espíritos lhe diziam ao ouvido elas tomavam como se fossem seus próprios pensamentos. Se soubessem que tinham mediunidade poderiam questionar "seus" pensamentos e identificar que não eram seus realmente.
Como a mediunidade é um karma que na prática ocorre por conta de alguma desarmonia em algum chacra ou outro órgão espiritual da pessoa, o médium nunca vai ter 100% de controle sobre ela. O remédio mais efetivo é o médium utilizar a mediunidade para fazer o bem, para ajudar os espíritos que estão em sofrimento nas regiões do astral inferior ou aqui na crosta terrestre. Na verdade, é simples, como a mediunidade surge por termos feito coisas erradas ela só vai desaparecer, ou seja, só vamos resgatar esse karma quando fizermos coisas positivas o suficiente para contrabalançar as ruins.
Muitas pessoas que possuem mediunidade me perguntam então se elas não podem "resolver" esse problema da mediunidade fazendo algum tipo de caridade, como trabalho voluntário, em alguma ONG, creche ou asilo. A resposta é que todo ato positivo que fazemos conta a nosso favor na lei do karma, mas esse tipo de trabalho não vai evitar que a pessoa que tem mediunidade ostensiva deixe de sentir seus efeitos. Se for um caso de mediunidade dissimulada, em decorrência de algum fato isolado na vida da pessoa, onde eventualmente ela sente ou vê alguma coisa, uma atividade caritativa não ligada diretamente com o trabalho mediúnico pode lhe ajudar sim.
Mas pela minha experiência a grande maioria das pessoas com mediunidade ostensiva tem ligação com magia negra em vidas passadas e ai não tem jeito, sua mediunidade só vai deixar de lhe causar transtornos se esse médium realizar algum trabalho onde tenha contato com o mundo espiritual. Novamente é fácil entender o funcionamento do karma, pois se no passado a pessoa utilizou algum recurso para entrar em contato com o mundo espiritual para lograr proveito próprio ou para prejudicar outras pessoas, ela só vai resgatar isso usando o mesmo recurso hoje para promover o bem e auxiliar outras pessoas. Se no passado usou os espíritos para fins egoísticos hoje vai ter que trabalhar com eles com finalidades altruístas.
Ainda estamos analisando a mediunidade de maneira simples, considerando apenas a questão metodológica da coisa, como ela funciona, mas a situação é bem mais complicada em alguns casos. Quem tem mediunidade tem uma propensão natural em se desdobrar, ou seja, o espírito dele sair do corpo físico. Isso pode ocorrer por vários motivos, pode ser por uma ressonância de vida passada, a presença de algum espírito obsessor, a energia de algum local, algum desejo dele próprio, enfim, a questão é que o médium se desdobra muito. Todos nos desdobramos, mas os médiuns geralmente com maior frequência e regularidade.
Esse desdobramento pode provocar a sintonia do médium com consciências dele de vidas passadas, personalidades de outras vidas dele mesmo que passam a coexistir com ele no astral. Também já atendemos vários casos onde a pessoa está desdobrada em várias frequências no astral onde alguma dessas frequências quer provocar a morte da consciência que está encarnada, ou seja, uma parte da consciência da pessoa que viveu há muito tempo atrás, em outra encarnação dela, é ativada e passa a querer dominar ou destruir a consciência atual. Já nos deparamos com casos onde essas frequências da própria pessoa conseguem provocar acidentes com a finalidade de matar seu corpo físico para que ela possa viver somente na dimensão astral.
A vida na matéria é difícil, temos muitas obrigações e estamos sempre envolvidos com nossa sobrevivência, com contas a pagar, filhos para cuidar, trabalho para fazer, etc., e isso às vezes desperta de nosso inconsciente a memória de vidas onde éramos menos atribulados. Muitos de nós fomos magos, bruxas ou feiticeiros poderosos, reis e nobres com poder sobre outras pessoas e com riqueza que nos permitia viver apenas para os prazeres da vida. Se abrirmos uma frequência dessas de uma vida passada é fácil desejarmos viver mais lá do que aqui e se podemos ter tudo aquilo no astral porque razão viveríamos aqui no físico? Por essas razões a dimensão astral se torna a válvula de escape para muitas pessoas.
Os desejos que as pessoas não conseguem ou não podem realizar aqui no físico acabam sendo realizados no astral. Lá encontramos senhoras respeitadas aqui agindo como prostitutas, por exemplo. Mas isso também é algo simples que ocorre no desdobramento involuntário com qualquer pessoa. Se todo problema fosse as pessoas fazendo sexo no astral estaríamos até bem. O grande problema mesmo é quando a pessoa está desdobrada no astral, sintonizada numa vida passada, ou seja, agindo com a consciência que ela tinha em outra vida e outra época, e fazendo a mesma coisa que fazia.
Por exemplo, na vida passada a pessoa era um cientista-médico nazista e fazia experimentos com judeus em campos de concentração. Ela se desdobra e trabalha em campos de concentração no astral fazendo a mesma coisa porque lá ainda existem campos de concentração com milhares de espíritos presos; alguns mesmo reencarnados ficam com uma parte de sua consciência lá (desdobrados) porque foi uma situação de grande estresse emocional e que elas ainda não superaram.
Nesses casos quem tem mediunidade, seja ostensiva ou dissimulada, acaba sentindo em seu corpo físico os efeitos do que está fazendo para outros espíritos no astral. Se for médium ostensivo então os efeitos são praticamente imediatos e na base do olho por olho. Essas pessoas costumam ter doenças de difícil diagnóstico ou que nunca são diagnosticadas corretamente, sendo tratadas de uma coisa, depois o médico acha que não era aquilo e assim segue sem solução. Nesses casos a pessoa só melhora aqui se ela for retirada de lá onde está no astral e os espíritos que estiverem lá também serem resgatados, que chamamos de "fechar a frequência".
Allan Kardec, o codificador do espiritismo, foi muito feliz ao escolher como lema para o Espiritismo: "Fora da caridade não há salvação". Conhecedor do espírito humano e do estágio evolutivo onde nos encontramos, deixou uma receita simples de como podemos nos melhorar, que é auxiliando nosso próximo. Nenhum de nós vai deixar de ser egoísta e nem deixar de ter mais um monte de defeitos nessa encarnação então o jeito de melhorar é fazendo caridade pois quando você ajuda outra pessoa está gerando um karma positivo que vai contrabalançar com o karma negativo que você tem acumulado.
Ajudando o próximo estamos ajudando a nós mesmos, estamos evoluindo espiritualmente pois estamos resgatando nosso karma negativo, mesmo sem termos eliminado todos os nossos defeitos, coisa que poderemos trabalhar melhor mais tarde, no futuro, num mundo melhor ou numa dimensão menos densa. A caridade é um remédio para nos curar da miséria espiritual em que nos encontramos.
Mas enfim, o desenvolvimento da mediunidade depende fundamentalmente do próprio médium e o meio mais seguro é inicialmente estudar sobre mediunidade. Saber os conceitos e finalidades, para identificar os sintomas de cada tipo de mediunidade e perceber qual tipo ou tipos de mediunidade a pessoa tem. O segundo passo é encontrar um local onde possa exercitar a mediunidade, utilizá-la de maneira prática, para começar a amenizar seu karma.
Por mais que você saiba teoricamente como se deve nadar, saiba como deve ser o movimento dos braços e pernas, e por mais que você treine em terra esses movimentos, quando cair na água a coisa é diferente. Se você conseguir se controlar emocionalmente e pôr em prática o que treinou vai ser mais fácil você não afundar e dar algumas braçadas, mas somente a prática é que vai lhe tornar um bom nadador. Com a mediunidade não é diferente, os estudos lhe fornecerão subsídios para a prática. Mas lembre-se que a finalidade é a prática e não os estudos, pois tem pessoas que passam a vida estudando, saindo de um curso de médiuns e entrando em outro e nunca iniciam a prática.
Uma coisa que precisa ser desmistificada em relação à mediunidade é a questão do mentor ou guia. A maioria dos médiuns acredita que possui um ou mais mentores ou guias exclusivos. Essa história de que todo mundo tem um mentor é uma interpretação equivocada dos escritos de Kardec feita por espíritas que acreditam que a mediunidade é uma "missão" e que o médium para bem cumpri-la precisa ser assessorado por um "espírito de luz". Isso tudo é ilusão. Por conta disso qualquer espírito que aparece para o médium no início de seu desenvolvimento dando conselhos já é taxado de seu mentor ou guia.
Então na prática o médium em desenvolvimento não tem um mentor para guiá-lo, ele mesmo é quem tem que dar o seu jeito e achar seu próprio caminho. Aliás vale ressaltar que muitos também já fracassam na mediunidade logo nessa etapa inicial pois aparece um espírito qualquer se fazendo passar por mentor dele e o leva à ruína. Geralmente esse "mentor" é um antigo inimigo do médium, um obsessor na realidade, que se finge de mentor para poder controlá-lo e o subjugar. Em alguns casos o tal mentor pode ser um mago ou feiticeiro do astral angariando energia de novatos inexperientes, sem alguma ligação mais forte com o médium, mas de qualquer forma o derruba.
Dessa grande maioria de médiuns que acreditam ser missionários e que pensam que possuem um mentor, nenhum deles quer que o tal mentor seja um qualquer. O cara tem que ser um "espírito de luz", uma alma sábia e antiga, conhecedora de todos os segredos da vida, que na prática não resolve nada dos problemas do médium, mas que tá sempre ali pra dar um conselho genérico do tipo tenha fé meu filho, o Pai é que sabe o que é melhor e similares.
Alguns médiuns têm crédito kármico para começar bem essa tarefa, o desenvolvimento, e acabam encontrando um local onde trabalhar. Mas é comum também esses médiuns não perseverarem no trabalho. Isso ocorre porque ao começar a trabalhar corretamente num local sério e realmente assessorado por espíritos bons, os sintomas que levaram o médium a trabalhar se amenizam ou desaparecem e o médium então relaxa e abandona os trabalhos, acreditando que o problema "já passou". O que acontece com esses médiuns é que voltam a piorar depois de algum tempo e aí voltam a frequentar o centro espírita ou terreiro, e assim vai, isso se ele não se desviar e enveredar por "caminhos alternativos", onde se faz um cursinho qualquer e se passa a ser mestre disso ou daquilo ou habilitado a tudo resolver com decretos, mantras, orações e etc., se for por esse caminho aí piora bastante seu karma.
O desenvolvimento da mediunidade é difícil e exige perseverança e dedicação por parte do médium, mas é um karma que ele adquiriu e com o qual vai ter que lidar. Se bem utilizada a mediunidade pode promover uma evolução espiritual significativa. Por outro lado, se for mal utilizada, o efeito é o contrário e o médium vai se afundar ainda mais karmicamente.
Kommentit